"As pessoas acreditam que, como ator, queremos viver papéis dolorosos várias vezes, mas é algo que não é divertido. A princípio não queria fazer o papel porque ele me esgotaria em muitos níveis: fisicamente, mentalmente, espiritualmente e emocionalmente. Ela (Violet) é furiosa, doída, drogada... Não quero falar disto, o ódio".
- Meryl Streep - sobre seu personagem, Violet Weston
Violet experimentou, desde a infância, todos os horrores possíveis e, para retificar seu inglório sofrimento, um torturante câncer que a levou às portas da loucura da dependência química. Uma mulher forte, sentindo todas as dores de sua vida, muito mais intensamente por ser inteligente e, ao mesmo tempo, frágil diante da própria impotência, tendo que se sujeitar, continuamente, aos embates de seu longo e doloroso caminho. Depois de tantos anos nesse convívio, sua cruz se transformou em ódio, do tipo mais violento e feroz, com resquícios de sadismo. Em sua lógica insana, ele, o ódio, era o seu único amigo e protetor.
Bem, agora pensemos em Meryl. Como pode uma pessoa de natureza amorosa, extremamente generosa e amigável, incorporar com maestria, uma personagem cheia de ódio, de mágoas profundas, e rejeitada pela própria Vida?... Como conseguiu alhear-se de sua verdadeira Realidade, anular-se a tal ponto... e mergulhar até o mais profundo e negro abisso da alma humana? Técnica teatral? [riso] Meryl atuou com as duas características mais importantes de sua Personalidade: Empatia e Talento! O pior é que tudo isso deve ter mexido com seus mistérios - tristezas, mágoas, injustiças... e assim encontrou o ponto de Violet.
Violet é uma Obra-Prima de Perfeição! Meryl permaneceu dentro dessa mulher todo o tempo. E se abateu físico, mental, espiritual e emocionalmente. Observem o seu olhar.
Quando vi essa foto, gelei. Achei até que Meryl estivesse doente. Pareceu-me tão cansada, o olhar parado, distante, triste.... Fiquei aflita, querendo notícias... mas tudo ficou como estava. Conformei-me em poder vê-la e ouvi-la, no dia após o evento, em fins de 2012. Mas até hoje, quando vejo essa foto, a sensação é a mesma.
Acho que seu Trabalho em "Álbum de Família" superou a Perfeição de "A Dama de Ferro". Explico. Fazer uma pessoa real direciona o Ator, de uma certa forma: o objetivo é ser idêntico. Meryl foi assim, e a Margaret, velhinha, aí sim, foi sua Criação, até mais doce e frágil que a verdadeira Margaret: uma delicadeza de Meryl. Mas Violet, meu Deus, que Trabalho complexo! Cheio de desvios, personagem gravemente problemática, um drama pesado, crescente como uma onda gigantesca, sugando e arrastando tudo a sua volta! E Meryl ali dentro desse turbilhão, à disposição do incomensurável Talento, entregue a ele, e que levou a sua Violet ao auge da loucura, da dor, da alucinação de todos os vícios misturados...
Ali está ela, em estado de total degradação... dolorosamente PERFEITA! A Grandiosa Meryl Streep, Coração de Ouro, Alma Perfumada, Sorriso Lindo, Delícia de Gargalhada, Adorável Irreverência, Vigor Juvenil, Anjo da Terra, a Maior Atriz de Todos os Tempos... meu Amado Michelangelo!...
Bem poucos compreenderam a gravidade e seriedade dessa Obra de Meryl. Então, a minoria é insuficiente para que cheguem as suas mãos, por Justiça e por Direito Conquistado, todos os prêmios a que está indicada. Para mim, que faço parte orgulhosamente dessa minoria, esse OSCAR de 2014, sua 18ª Indicação, É TODO E SOMENTE DELA, da UNIDADE MERYL STREEP, ATRIZ E MULHER!
Que Deus abençoe Meryl sempre, sempre!