Meryl Baby

Meryl Baby

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Entrevistando Meryl Streep (44-B)

  
 
 (continuação da entrevista, iniciada em 10/10)

         C: E por que você escolheu uma carreira assim tão difícil?
         MS: " Ah, porque quando se é jovem, parece tão fácil, tão divertido... não se imagina como será dali a 20, 30, 40 anos. Você só pensa que as pessoas estão te aplaudindo, que adoram você. Então, concluímos: 'Isso é demais! Eles me aplaudem, sou ótima!' Eu estava começando a faculdade e achava tudo ou fácil ou difícil. Representar me pareceu a coisa mais fácil e mais divertida de se fazer. Também era uma maneira para eu extravasar meu lado maluco, selvagem, de um modo não destrutível. Todo mundo a minha volta estava envolvido com drogas. Então, representar me pareceu uma maneira mais fácil e segura de ter um barato. "
         C: Nunca se arrependeu da escolha?
         MS: " Nunca. Da coisa em si, do trabalho, jamais me arrependi. É  sempre compensador em algum nível. Mas há coisas em torno do trabalho que sáo muito desgastantes - as negociações, os contratos, a exploração e o fato de você se sentir insultada em sua inteligência, muitas vezes. E essa coisa de fama, essa atenção exagerada e o modo como isso interfere, você enxerga a si mesma, e como interfere na vida de sua família... Essa é a parte ruim. "
         C: Quando você diz: aqui termina a vida da atriz famosa e começa a vida de Meryl Streep pessoa?
         MS: " Uma vez, eu ainda era garota, vi um artigo na revista Life sobre o rapto do bebê de Charles Lindebergh (primeiro aviador a cruzar o oceano Atlâtico). Aquilo me marcou para sempre. A única razão para todo aquele sofrimento, para aquele crime, é que Lindebergh era famoso. Para mim, esse foi o limite. Minha família não tem nada a ver com o fato de eu fazer algo que me torna famosa. As vidas de meus filhos devem continuar como vidas deles. Eles têm que ter uma chance de uma vida normal.Isso é cada vez mais difícil nesta nossa sociedade movida pelo conceito de 'celebridade'. "
         C: E o que você faria se um de seus filhos decidisse ser ator?
         MS: " Eu me internaria num hospício e ficaria o resto da minha vida assistindo televisão... Estou brincando, claro, mas acho que não suportaria a ideia. É uma profissão tão dolorosa, cheia de rejeição e humilhação. Veja o caso de Carrie Fisher - a filha de Debbie Reynolds. É o caso típico do preço que ela teve que pagar por ser filha de uma pessoa célebre... problemas com drogas, clínicas de reabilitação. Eu sei, eu enfrentei isso tudo, a dor, as humilhações... mas não quero ver meus filhos passando por isso. Tenho aquele velho íntimo. Quero protegê-los. "

       (continua)

Nenhum comentário:

Postar um comentário