A Claridade de Meryl Streep

                                                                           

               Não me canso de observar os olhos de Meryl. Eles manifestam seus diversos poderes... como se fossem independentes. Assim, como se possuíssem alma, mas uma alma própria e não a de sua proprietária.

                                                                   

               De vez em quando volto a falar neles, porque fico intrigada com o mistério que os envolve. Discuto comigo mesma, as suas eternas probabilidades. Eternas porque não consigo decifrá-las, inteiramente. Algumas vezes eles se sobrepõem à lógica do meu pensamento. Só sei que falam. quanto a isto, não tenho a menor dúvida. Eles falam silenciosamente, manifestam-se de todas as maneiras.

São os olhos mais vivos que conheço.

                                                               
           Mesmo que Meryl esteja parada, mesmo que eles também estejam, até inexpressivos... não se engane: se você ficar mirando-os, por um pequeno tempo, eles armarão cadeias... e, como numa irresistível hipnose, eles prenderão os seus. São olhos que enfocam, vivos, assim, meio eletrodinâmicos e, poderosamente, sensoleitores. Enquanto você procura interpretá-los, eles estão fazendo uma análise minuciosa de seus pensamentos, mesmo sem o recurso da sua fala (até porque, nem sempre ela corresponde à verdade). E mesmo assim, Meryl olha fixamente para o seu interlocutor, analisando-o, também. É como se você passasse por um raio X, semelhante àqueles das alfândegas internacionais.

                                                                     

          Os olhos de Meryl são lindos, translúcidos e, sinceramente, objetivos. Você já viu olhos que transmitem Verdade? Eu já. Mas os dela são impressionantes. Especialmente quando decido desenhá-los. É sempre um momento solene.

                                                                           

              Imagine, mergulhar neles, ficar lá por um tempo até encontrar com o sentimento dela. Porque se isto não acontecer, desisto; tento, novamente, num outro dia. Sem a captação da Verdade deles, nada feito. Se não for assim, estarei inapta para copiá-los, detalhadamente. Tenho que usar de absoluta honestidade... e compreendê-los.

                                                                                 

            Eles me encantam! Mesmo quando feitos por mim! Eles me falam de Paz, de Doçura, Emoção... Eu só sei que, quanto mais eles me falarem, terei que me superar, para desenhá-los como são.

                                                                                                                                                                                   
                    Meus amigos me perguntam por que faço o rosto de Meryl tão claro, por que não forço o lápis?... Eu lhes respondo: porque ela me passa muita leveza e transparência... O meu traço precisa ser delicado, para não magoar a sua pele tão clarinha, quase etérea... tudo tem que ficar de acordo com o estado de sua Alma Perfumada... conforme seus Olhos me falaram. Que Deus abençoe a minha querida Meryl.