Por fora da química. a experiência prévia da pessoa ocupa lugar relevante no processo: “As interações de hormônios no cérebro dependem também da experiência prévia da pessoa em suas relações sociais, mesmo que não perceba. Há estudos com ratos que comprovam que quando um macho é recusado pelas fêmeas, dá mais trabalho para se reaproximar delas. Outro exemplo da importância da experiência prévia é que quando se beija uma pessoa conhecida, as reações químicas são diferentes de quando o sujeito é desconhecido", diz o biólogo.
Quando o cérebro, depois de analisar toda essa informação delicada, diz sim, em décimos de segundo começa a segregar uma série de neurotransmissores (substâncias químicas que fazem a comunicação entre neurônios), e os protagonistas do beijo começam a perceber seus efeitos. “O que notamos de todas estas reações químicas depende do tipo de neurotransmissor, da porcentagem ou balanço entre eles e dos neurônios sobre os quais atuam”, indica David Bueno. Quer dizer, dependendo de qual deles predomine, sentiremos alguns efeitos ou outros. O especialista descreve quatro neurotransmissores básicos despertados pelo beijo: dopamina, que nos faz sentir prazer e bem-estar; serotonina, com a qual sentimos excitação e otimismo, embora também possa ter um efeito de raiva e agressão (“nesse caso, há a rejeição ao par”, salienta Bueno); epinefrina, que aumenta a frequência cardíaca, o tônus muscular e o suor, por isso sentimos calor e a aceleração do coração; e a oxitocina, que gera afeto e confiança.
Mas além disso, outras substâncias são liberadas, como o óxido nítrico, que relaxa os vasos sanguíneos, provocando um aumento no fluxo sanguíneo no pênis e, portanto, a ereção. Ou a feniletilamina, “uma anfetamina potente e rápida que estimula o sentimento de prazer, por isso o primeiro beijo dos adolescentes costuma ser mais intenso e apaixonado", explica Jesús de la Gándara, chefe de Psiquiatria do Hospital Universitário de Burgos e autor do livro El Planeta de los Besos. O psiquiatra destaca que não acontece somente com os adolescentes. Segundo Gándara, também pode ocorrer em adultos. “A chave está em encontrar a pessoa que desperte esse neurotransmissor.”
(continua)
Nenhum comentário:
Postar um comentário