Meryl Baby

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Os Toques de Meryl Streep

               Talvez todas as indicações, e não premiações, de Meryl, sejam por ela não ter mostrado, por inteiro, a sua capacidade de Atuação. Isto porque, se o roteiro for aquém da sua Infinita Arte, ela fará o máximo, mas será limitada pela pequena chance de expansão... dele! Com certeza, ela irá explorar todas as possibilidades, e o deixará "no bagaço", porque mesmo que não esteja previsto, no tal roteiro, chegar àquela culminância - mesmo que nem tenha passado pela cabeça do roteirista -  Meryl  "acontecerá": ela saberá adaptá-lo, sem alterar o texto, transformando-o em emoção... na sua Emoção!
                                                                    
              Há uma Alquimia Mágica, no Trabalho de Meryl. É como se ela se desmanchasse - em moléculas! - e se espalhasse pela história toda, que vai representar. Dali, em diante, nada escapará do seu Toque Magnífico, Encantado, especialmente a personagem em questão.
          Enquanto Meryl estiver 'enroscada' nesta imagem de mulher, terá tempo suficiente para humanizá-la. Primeiramente, as duas se entrelaçam, uma na outra, como ocorre, com as duas colunas verticais do DNA...

 
... e à proporção que a filmagem vai progredindo, Meryl, em franca evolução, se encorpa, totalmente, anulando a força da personagem. Esta continua ligada à Ela, mas se enfraquece, cada vez mais, ficando à sombra da grande Estrela. Nós, mulheres, somos intuitivas, sensitivas. Absorvemos as mensagens de Meryl, em cúmplice intimidade. Sentimos a paixão crescendo e se apoderando dela, como uma imensa onda que vai se espraiar, com estrondo.
 
                                                                            
 
                                                             
            Se você não percebeu, a Kay, do início do filme, tinha uma personalidade e um comportamento. De repente, ela sai do seu silêncio e se transforma, oficialmente, naquela mulher disposta a correr todos riscos em nome do prazer, claramente dominada pela paixão,  numa voragem despojada de limites.
 
                                                                                                                                                                                
Ela se arrisca, jogando todas as cartas, capaz de coisas de que nunca tivera coragem. Sua urgência é até meio agressiva, porque aquela terapia é a sua última esperança. Mas o Arnold permanece relutante, receoso de perder a autonomia habitual. Kay prossegue mudando, levada pela paixão incontrolável, reforçada pelo amor real, que sente pelo marido.
           Mas, aquele "de repente" foi um marco, uma linha divisória: a personalidade, de Kay, foi sobrepujada pela de Meryl! Kay passou a ser a própria Meryl, daquele jeito passional, arrebatador, que avança na direção do objetivo, eliminando todas as possibilidades em contrário. E Meryl sabe muito bem escancarar o "desejo espumante" (conforme denominou), que transborda: Key não tem mais forças - nem quer ter - para controlá-lo. O amor é mais calmo, mais puro; a paixão enlouquece: é como um vício, em abstinência forçada.
 
                                                                       
            Eu imagino como deve ficar o set de filmagem, com todas aquelas pessoas mergulhadas na Emoção de Meryl, que vai invadindo todos os espaços, como uma inundação. Bem naturalmente, é assim que Ela cria o habitat para que a sua Atuação possa acontecer. Em seguida, dirige o ator que fará o seu par, apesar do diretor. Meryl "faz a cabeça dele", in off! Ela o prepara para Ela, induzindo-o a agir de tal forma que, ele passa a se comportar como deve, assumindo, quase completamente, as atitudes implicadas no papel. Quase... porque só Ela  assume a personagem por... in.... tei... ro!... Além de tudo, a Alegria de Meryl aniquila a sizudez de Tommy que, magnetizado por Ela, nada mais tem a fazer, que se entregar e fazer, bonitinho, tudo que Ela quiser... mesmo sendo ele, o grande ator, que é, realmente. 
 

 

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