Sabe, quando você vai a uma exposição de um pintor famoso, não muito contemporâneo, e fica de frente para a tela, olhando atentamente todos os detalhes da obra... estatelada diante daquela Arte Pura? E você nem sente que está "entrando" naquela casa, naquele jardim florido, passeando por entre os canteiros perfumados... e acha, até, que está sentindo um delicioso perfume... da enorme rosa vermelha, cujas pétalas parecem de veludo...
... você é capaz de sentir o toque daquela maciez, como uma carícia, nas pontas dos seus dedos... E quanto mais você observa, mais você mergulha na cena e começa a se sentir parte dela, como se lá, fosse o seu ambiente real, e não aqui fora... E você vai até láááá no fundo, sentindo todas as emoções que ela lhe permite sentir, porque, aí, você já faz parte dela... porque tudo aquilo cresceu tanto e invadiu a sua alma... e a tomou por completo... E você não tem mais força para sair dali... E você, na verdade, não quer, mesmo, nunca mais, sair dali, de tão gostoso que está... Neste estágio, às vezes, você tem a impressão de estar ouvindo, baixinho, uma música suave, cantada por uma voz muito doce... e o seu coração se abre todo, fica inerte... e se deixa penetrar por aquela sonoridade mágica, cheia de comoção... e aquilo tudo vai envolvendo você, num clima de paraíso, até que, de repente, naquele enlevo, você ouve o seu nome - alto demais! Num átimo-choque você retorna, brutalmente, a sua realidade vital!
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