Houve uma outra entrevista, sobre o filme "Dúvida", com Meryl e Philip Seymour Hoffman.
E: Acha que o público de um filme é menos tolerante à incerteza, no que estão assistindo, do que o público de teatro?
MS: "O público de teatro é mais provocado de todas as maneiras. É o objetivo do teatro. E quem não gosta disso não vai ao teatro. Então acho que sim. A resposta para sua pergunta é sim: eles não estão acostumados. Não sei se não gostam disto. Acho que é algo com o que vai se acostumando, e que pensa mais do que achou que pensaria. Porque o público de cinema ... (Meryl sacode os braços, cruzando-os e descruzando-os, estalando os dedos.) Falo como parte dele (Ri.): costumamos logo tirar uma conclusão, com apenas 10 minutos de filme. Assistimos aos primeiros 10 minutos de um filme, como um trailer. 'Vou ficar? Ou...' (Olha para o relógio de pulso.) É um compromisso diferente de assistir a uma peça. Não pode levantar e sair, caso não goste."
E: Essa seria a pior maneira de assistir esse filme, com julgamentos precipitados, após apenas a 10 minutos, não seria?
MS: "Bem, acho que John espera que tirem conclusões precipitadas para depois destruí-las. É o que ele quer. Com certeza."
E: Imagino que muitas vezes tenham perguntado se ele (o padre) era culpado. Quero saber o que acham que o público deve debater.
MS: "Quando vejo o filme como um todo, penso na minha própria tendência a julgar."
... Pensei que... Será difícil para os críticos porque é assim que são... Eles se reconhecerão? Não. Com alguns filmes você só precisa sentar e se divertir. Mas aqueles que são perturbadores são aqueles que lhe atingem e fazem um questinamento... É um pouco intimidante, então..."
E: "Um dos pontos principais do filme é a cena de vocês, a sra. Miller e a irmã Aloysius. No filme há muitas cenas ao ar livre. Você anda pela calçada. Acho que na peça era tudo no interior. O que acha que adiciona por ser ao ar livre?
MS: "Não sei se depende tanto do cenário como do aspecto mutante da emoção humana, que é descoberta e revelada. Acho que o filme e a peça vão na mesma direção. 'Ele é culpado? Ele não é culpado? (Meryl estala os dedos para os lados, alternando as mãos.) Então, temos esta outra informação da sra. Miller, uma informação dramática. A história dá uma guinada. Ninguém espera por isto." (Vira os dois braços juntos, para a esquerda, 180°.)
PSH: Houve um momento, quando filmávamos...Não digo isto para deixar Meryl sem graça, mas... Mas eles (os cabelos dela) estavam na... (Faz um gesto, representando a touca.) E lembro que tive que ir (PSH suspira fundo e Meryl ri.) tive que ir e tinha coisas fora da câmera. Coisas assim, sabe? Como atores sempre checamos, porque é preciso deixar tudo certo. Quando vai embora, às vezes você checa. Lembro de abrir a porta, Meryl estava no camarim, sem a touca...
MS: "Yes..."
PSH: Lembro que ela se virou, olhou para mim e eu pensei: 'Que mulher linda!' (Meryl abre a boca, ao ouvi-lo, rindo, e ele abre os braços, com as mãos para cima, sorrindo.) Eu cheguei a dizer isto, lembra? ( Oh, pretty woman!)
MS: "Yes, I do, I do!"
PSH: Eu a vi de touca muitos dias e fiquei... Escapou da minha boca, fiquei... porque a diferença era enorme! (Meryl olha para ele sorrindo e tapa, com a mão, a face virada para o entrevistador.)
MS: "Yeaaah..."
PHS: Entende o que eu digo? Que doce! Que doce! (E bate com as mãos, nos braços da poltrona e nas próprias pernas.)
MS: "Thank you... "(Com a voz doce.)
E: Prazer em falar com vocês.
MS: "Thanks long."
Então, mais um colega que não escapou ao seu encanto e saiu "apaixonado" por Meryl. Ela é, irresistivelmente, adorável!