Meryl Baby

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Entrevistando Meryl Streep (15)

             Conversa entre Meryl, Nora Ephron, com Charles Rose, sobre o filme "Julie & Julia, em 2009.


              Parte 1
            Charles: Agora a diretora e escritora Nora Ephron une sua paixão por comida e cozinhar com sua paixão por escrever e dirigir. Seu novo prato se chama Julie & Julia, estrelando Meryl Streep e Amy Adams entre outros.
            C: Falando de Meryl Streep como Julia Child, o New York Times disse numa entrevista: “Hoje essa atriz esgotou com tudo de superlativo que existe e, sugerir que ela superou a si mesma significa dizer que ela fez isso de novo. Sua performance vai além de uma imitação física, embora ela tenha feito a mexida de ombros e a flutuação de voz perfeitamente”.
            C: E o Washington Post aponta que “Julie & Julia deve ter começado como uma simples menção às alegrias de se cozinhar, mas se torna algo além da profunda apreciação, da mútua compreensão e carga erótica que definem um grande casamento”.
            C: E finalmente o Wall Street Journal diz “O Julie & Julia, de Nora Ephron nos dá Meryl Streep em uma grande performance cômica - uma atriz destemida interpretando a destemida Julia Child, no pós-Segunda Guerra Mundial, em Paris, onde se encontra no processo de transformar-se, de uma esposa de embaixador para uma cozinheira mundialmente famosa discípula, da culinária francesa”. E aqui está o trailer de Julie & Julia. 
            C: Tenho o prazer de estar na companhia de duas amigas, Nora Ephron, a escritora e diretora, e Meryl Streep, a grande atriz. Julie & Julia seria tão bom, melhor ou pior, se fosse apenas contar a história de Julia Child?
           Nora: Eu não sei, porque ela tinha uma vida linda. Mas eu gostei imediatamente da idéia de poder brincar com duas vidas, simultaneamente, ao invés de uma só. E uma das coisas que pensei de imediato foi sobre “As Horas”, um filme que adorei, em que Meryl esteve, que é realmente sobre um livro  (Virginia Wolf). Como seu livro “Sra. Delaware” alcançou anos e anos até o futuro.
          Meryl: "Até a vida de outras pessoas."
          C: Então eu comecei mesmo pensando que esse filme seria sobre um livro e claro, depois vi que era um filme sobre 18 coisas a mais e, dependendo com quem estou falando, eu mudo a coisa. Se você for um escritor de culinária, direi que é sobre comida. Na noite passada, eu estive num museu. Eles dedicaram uma parede inteira às panelas de Julia e esqueci por um minuto que era um filme sobre a América. (Charles comenta que eles tem um acervo grande sobre a história de Julia, uma imitação da cozinha dela e Norah confirma reafirmando sobre a exibição de utensílios de Julia).
           M: "Oh! Eu não sabia disso! Que bom!"
           C: Você acompanhou Julia Child?
           M: "Eu estava no ensino médio, claro. Não, nem isso. Eu creio que estava na oitava série, quando o show dela estava no ar."
           C: Na verdade, o livro dela tem 100.000 atributos diferentes. Na verdade, não importa de qual geração você seja.  
           M: "Exatamente. Minha mãe não era devotada, era o que eu mais precisava!"
           C: Você cozinha?
           M: "Tínhamos muitas comidas prontas, coisas anunciadas pela tv..."
           C: Você cozinha?
           M: "Eu? Sim, cozinho."
           C: Porque ela é obcecada por comida - aponta para Nora.
           M: "Ela é boa nisso!"
           N: Eu amo comida e gosto muito de cozinhar.
           C: Então para você foi mais demonstrar uma paixão, sua além de todo o resto?
           N: Eu também amei o fato de termos muita comida boa no set. Nós não só tínhamos toda essa comida boa por perto, que o pessoal da produção fazia, mas dessa vez tínhamos as comidas de Julia Child, que eram sempre coisas enormes e tínhamos que comer.
           C: Por que ela era mágica?
           M: "Oh, nossa! Difícil de definir... o charme, aquela coisa que algumas pessoas têm, aquelas que exalam alegria de viver... Isso é o que ela tinha. Ela parecia ser feliz por estar viva, a cada dia que vivia."


           C: E encontrou o amor de sua vida, depois de rejeitar outros, procurando pelo certo.
           M: "Ela encontrou o amor de sua vida... sim, mas não sei o quanto de rejeição ela deu para aquele cara que parecia ser o certo, naquela hora... (Nora e Charles falam “Chandler” e Meryl concorda)."
            C: Desprezou-o porque ele não estava pronto.
           M: " Desprezou-o, sim. E acho que .. sabe... ela tinha 1,88, a irmã dela 1,90, acho que elas estavam acostumadas a estar fora do padrão, algo fora de competição, por um homem."
            C: Uma mulher alta  numa época ruim...
            M: "Especialmente aí, eu acho. As pessoas eram menores."
            C: Ela estava na OSS (Office of Strategic Services/Escritório de Serviços Estratégicos do governo dos EUA, na II Guerra Mundial) quando você a idealizou. Quando você percebeu, em Julia Child, algo muito atraente? De que jeito ela se tornou mais interessante?
            N: Sim, mas não acho de jeito nenhum que ela era uma espiã. Acho que ela trabalhou com material secreto e os arquivou lindamente, mas não acho, posso estar errada, mas ela era uma verdadeira narradora. Ela sempre disse que era enrolada, e eu achava que ela era explícita. Bom, não havia muitas mulheres em cargos altos naquela época e ela era fantasticamente organizada.
             C: Quando você decidiu começar, é verdade que teve que fazer uma ligação?
             N: (Aponta para a Meryl e o repórter indica que era a respeito dela mesmo) Sim, é verdade, fiz isso.
             C: Se ela dissesse não, você ainda o faria?
             N: Acho que o estúdio não faria.
             M: "Deixa-me nessa!"
             N: Eu ficaria feliz em fazê-lo com alguém... menos humano. Meryl fez isso depois de dois filmes com enorme sucesso.
              C: "Então eles iriam querê-la tão fervorosamente assim?"
              N: Bom, todos querem. 
             C: A história que você quis nos fazer entender e admirar gira em torno de duas pessoas vinculadas por apenas uma coisa: a vida de Julia Child e o querer-ser Julia Child.
             N: Isso é um dos temas. Tinha vários outros temas coincidentes, quero dizer... é realmente sobre amor, é realmente sobre casamento. Um tipo de casamento que realmente existe. Graças a Deus que existe, se não as pessoas me acusariam de estar inventando isso. Ainda há caras que ainda encontram um enorme prazer no crescimento de suas esposas, suas mudanças, todas essas coisas... Isso é uma das coisas que adorei. Adorei o jeito que as coisas fluíram por eu ter feito um filme sobre casamento e o quão cuidadoso você tem que ser ao lidar com esse tipo de casamento. Porque um filme requer um plano, mas um casamento, um bom casamento requer uma trama absoluta. E a última coisa que você quer é que alguma coisa aconteça, você não quer algo que faça a pessoa sair porta à fora ou, sabe... esse é o tipo comum de filme sobre casamento, sempre com alguém indo embora no final do segundo ato. Eles não têm esse tipo de casamento. As pessoas são realmente unidas e isso foi divertido...
             Continua...

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