Em menos de um mês de terminadas as filmagens de 'A Escolha de Sofia', Meryl já representava Karen Silkwood. Em outubro de 1979, Buzz Hirsch e Larry Cano apresentaram à já famosa Meryl Streep, o primeiro esboço do roteiro. Cano disse: Mais que tudo, o interesse de Meryl, no nosso projeto, foi de grande ajuda. O nome dela unido a nossa ideia, atraiu o interesse dos grandes estúdios.
Em 1980, assinaram um contrato com a ABC Produções. Logo, Nora Ephron e Alice Arlen começaram a desenvolver o roteiro inicial. E Meryl estava decidida a não fazer de Karen uma segunda Joana d'Arc. "Sob vários aspectos, ela era uma pessoa que vivia se envolvendo em encrencas. Parece-me o tipo de pessoa que, de um jeito ou de outro, procura tornar tudo mais difícil. Às vezes é difícil aceitar a personalidade de Karen Silkwood. Ela é uma pessoa explosiva e desagradável. Ela lembra meus tempos de juventude, quando participei, no Vassar College, de um protesto contra a instalação de uma indústria, nas cercanias. Apesar de nos preocuparmos com estas coisas, dava uma sensação indescritível participar destas manifestações." Meryl disse também: " Karen não tinha nada contra o desenvolvimento da energia atômica. Sua única luta era com relação às condições de segurança e aos métodos de trabalho."
Mesmo pertencendo a mundos diferentes, Meryl parecia acreditar no modo de vida de Karen. "Ela tinha humor; era um pouco maluca, fazia o que achava certo, e isso atraía algumas inimizades... É um pouco parecida comigo." Quando era entrevistada, Meryl fazia questão de dizer que não foi o caráter panfletário que fez com que aceitasse o papel, e sim, a personalidade de Karen Silkwood, que "não levava desaforo para casa." Explicava: " Para mim, não está na linha de frente, dos filmes antinucleares. Apesar do meu próprio engajamento, sempre procurei manter minha vida profissional isenta dessa ideologia. Por este motivo, recusei o papel principal de 'Síndrome da China'. Muitos desses filmes são polêmicos e eu não gosto de polêmica. Para mim, este filme é muito mais complicado. As pessoas envolvidas nisso, desde a diretoria até os operários, são, na minha opinião, representadas com a maior fidelidade, sem maniqueísmo. Isto faculta ao filme mostrar uma verdadeira atmosfera de trabalho, com homens reais, e não com esteriótipos. Por esta razão, o filme é muito mais que um manifesto contra ou a favor, da energia nuclear."
Mike Nichols, que não dirigia há mais de nove anos, cuidou das minúcias para que nenhum detalhe da vida de Karen fosse falseado.
(continua)
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