Meryl Baby

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Entrevistando Meryl Streep (18)

           Agora, o final da entrevista.


            C: Você disse isso antes, que Nora lhe deu o tipo de direção que ela disse que necessitava que você incorporasse. Você disse isso mais cedo: a idéia de Julie Powel sobre Julia Child.
            M: "Sim."
            N: Não fui eu quem fez isso, foi ideia da Meryl, esse foi o jeito que Meryl...
            C: Entrou nessa.
            M: "Sim. Isso foi o jeito que eu pude explorar e não me sentir culpada, se falhasse."
            C: Imitar é algo que você sabe?
           M: "Bem, você sempre apenas... é aquilo que você disse sobre a responsabilidade em interpretar alguém que realmente existiu... que as pessoas amaram. Não a população, não me importei muito com isso, mas a família dela, as pessoas que eu não queria desapontar."
            C: Você queria que eles dissessem que você foi fiel ao espírito dela.
           M: "Eu sei... eu só a captei... Sim, porque de verdade para mim, honestamente, para mim foi uma forma de homenagear minha própria mãe, que tinha visivelmente elementos do caráter de Julia, alegria de viver, senso de humor, despreocupação e pronta para tudo, para o jogo e não interessada em vencer ou qualquer coisa do tipo. E nisso eu pensei 'Aqui está Mary!' e tive que fazer isso."
             C: Ali estava Mary, sua mãe?
             M: "Sim."
             C: Você puxou sua mãe?
        M: "Acho que tenho um pouco de cada um. Da minha mãe e do meu pai. Meu pai era mais romântico, um músico, um pouco melancólico, um pouco sonhador e solitário, e eu tenho todas essas coisas também."
             C: Os dois viveram para ver todas as coisas boas que aconteceram com você?
           M: "Sim, todos os netos deles! (risos) Sim, mas minha mãe morreu em 2001. No momento que isso se realiza, esse filme, está estreando no dia do aniversário dela. Então sinto que há um caminho maravilhoso para esse trabalho."
             C: Isso estava em sua mente?
             M: "Sim, isso nunca se distancia da minha mente."
             C: (Anuncia um vídeo com a Julia Child em 1995).
             C: (Para Julia) Você come muito fora ou cozinha mais em casa?
            Julia: Eu cozinho em casa mais do que como fora. E tenho muita comida gostosa em casa, não saio atrás disso.
           C: Você disse que sua carreira tem muito a ver com o timing (tempo certo para que algo aconteça), de estar no lugar certo, na hora certa.
            J: Quando começamos com a cozinha francesa, se fosse 5 anos antes não teríamos feito.
            R: Sério? Por quê? Você ainda se interessa por culinária francesa?
        J: Acho que é porque antes disso as pessoas não tinham tanta facilidade. Hoje várias viajam e experimentam essa comida maravilhosa e muito disso acontece na França. Chegou até na Casa Branca.
            C: E a senhora Kennedy adorava.
            J: Ela adorava mesmo.
            C: Você a conheceu?
            J: Não, nunca a encontrei. Só soube que ela era uma ótima chef quando estava em São Francisco.                           
          C: Tem algo a ser dito sobre o timing de tudo isso, por causa dos Kennedy, da vida cosmopolita, esse tipo de vida se tornou admirável por causa deles?
         N: Eu não fui muito ligada a eles, mas me lembro de quando o presidente da França veio à casa Branca, e eu estava trabalhando na Casa Branca nessa época, na minha síntese em ser a única interna a qual o presidente não deu em cima, e eles serviram um tal de Frango Morango, nunca me esquecerei disso, como esses detalhes se fincaram na minha mente! E eu fiquei muito orgulhosa porque não tínhamos isso em casa, minha mãe tinha ido ao Morango’s.
         C: Meryl quis que as pessoas que conheceram, que amaram Julia, sentissem que ela conseguiu captar seu espírito, mas o que você queria?
             N: Desse filme?
           C: Sim.
           N: Oh, eu queria que as pessoas saíssem para jantar.
           C: Ah! Claro que você não queria isso! Não queria que as pessoas se apaixonassem por ele, pela idéia da comida?
           N: Queria sim, de verdade. Queria que cozinhassem algo.
           M: "Que eles cozinhassem para as pessoas que amam."
           C: O quê? (Meryl ri.)
       N: Eu tive esperanças bem modestas. Só quis que as pessoas se sentissem um pouco melhor enquanto estavam sentadas lá.
           C: Você queria que todos se tornassem amantes da comida?
           N: Não, não precisava tanto, mas a verdade é que as pessoas esqueceram o quão fácil e divertido é cozinhar, e o significado de cozinhar para mim é que isso abre espaço numa casa, não importa se você se relaciona com as pessoas, na casa ou não, isso une as pessoas. Uma hora elas estarão na cozinha de qualquer jeito.
           C: E você? Você é tudo isso que dizem?  (Meryl ri)
           N: Ela não é.
           C: Não, tá brincando?
           M: "São muitos papéis..."
           C: Mas não é uma ótima hora para ser Meryl Streep?
           M: "Sim, quero dizer, mas..."
           C: Digo quanto a tudo.
           M: "Eu continuo examinando a minha mente."
           C: Por quê?
           M: "E daí penso 'Ai cara...'. Não seria sábio não fazer isso."
           C:  Estou só pensando.
          N: Não, quero dizer, só por crença, mas todos buscamos a boa sorte a olhos vistos. Mas sou muito feliz e sortuda e cansada, no momento, pronta para tirar uma folga.
           C: Por quanto tempo?
           M: "Eu fiz 7 filmes em 2 anos e meio."
           C: Por quê?
           M: "Eu não sei! Porque eles me pediram para fazer! E acho que é porque meus filhos se tornaram mais velhos e diziam 'vai, faz!'"



           C: Você continua a aprender?
           M: "Sim."
           C: Acha que nessa experiência se saiu melhor?
           M: "Não sei, mas foi tão divertido e meio que sem esforço, acho que você aprende mais das coisas desafiantes, que foram mais difíceis de se fazer, no passado."
           C: Qual foi o mais difícil? A Escolha de Sofia?
          M: "Oh! (ri) Não, não, apenas porque eles... têm coisas difíceis com que me preocupo e provavelmente não as farei. É apenas porque minhas moléculas mudam em mim, de acordo com o quão feliz estou, e onde minha criatividade chega, o que aprendo toda vez é como unir todos os elementos que me fazem amar o que faço, e fazer isso acontecer sem esforço... e quando isso não vem facilmente, eu não tenho uma mala de truques fantástica, sabe? Não tenho. Nessa eu venho desarmada e parte disso é uma coisa boa porque você tem que se reagrupar. Ninguém sabe do que estou falando!"
           C: Não! Nós sabemos! Eu estava sentado aqui pensando...
           M: "Os atores sabem."
           C: Não só.
           M: "E é um trabalho muito bom começar do nada e descobrir como começar de novo, e de novo, é muito bom."
            C: Como os atores se diferenciam de nós?
          M: "Bem, eles vivem numa vida zen e isso é muito incerto. Todas as vidas são incertas, mas os atores sabem disso. E os atores ... porque você fica inativo (desocupado/desempregado) muitas vezes, e você vive tão intensamente o momento o qual está trabalhando... que quando você volta à Terra e olha ao redor, e aquele balão se foi e não há outra montanha à vista. Então você vive onde você está. Acho que os atores vivem exatamente onde estão. O bom mesmo é isso. E é por isso que eles parecem meio doidos."
           C: E todos nós deveríamos estar lá, e é isso o que lhe faz querer ser outra pessoa?
           M: "É, eu acho que sim. Mas eles chegam lá freqüentemente."

           Não é fofa, gente?...


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