Adoro "Out of Africa" (Entre dois Amores). Há 27 anos, Meryl já se estabelecera como a Grande Atriz que é. Puro Talento, Perfeição, Emoção, Sentimento... Linda! A pele delicada, rosada, os belos olhos verdes, claros e expressivos, a elegância e a riqueza dos trajes do início do século passado, deram-lhe um certo ar de boneca, da mais fina porcelana. Maravilhosa.
O filme recebeu várias indicações ao Oscar. A Fotografia, ambientada na savana africana, brilhante e misteriosa, exibe um primor de imagem. Meryl circula, formosa e doce, por todo aquele cenário, com a sua intensidade emocional naturalmente visível e silenciosa. Seus olhos expressivos, expõem o que se passa, realmente, na alma da Baronesa Karen Von Blixen-Fineck. Deslumbrante!
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Entre Dois Amores / Out of Africa
De: Sydney Pollack, EUA, 1985
"Out of Africa", no "Brasil Entre Dois Amores", é um desses filmes que dão imenso prazer de rever. Fazia muitos anos que não o via. É uma beleza, uma maravilha!
É um dos filmes que têm as mais belas, extasiantes imagens da África. Possivelmente é o filme que tem as mais belas tomadas gerais do continente tão velho, em termos de História, História Natural, e tão jovem em termos sociais, políticos. Sydney Pollack e seu diretor de fotografia David Watkin se esmeraram no garimpo de imagens da natureza bruta africana. É literalmente de tirar o fôlego a beleza das tomadas gerais.
E quando, lá bem para o fim da narrativa, Denys, na pele de Robert Redford, leva Karen Blixen-Meryl Maravilha Streep literalmente às nuvens, num aviãozinho teco-teco daqueles pioneiros, e a música de John Barry, propositalmente melosa, feita para emocionar, acompanha o vôo e as paisagens suntuosas, não tem muito jeito: é de chorar – de alegria, de tristeza, de pura emoção. (Meryl chorou feito um bebê.) Uma história de vida, absolutamente, fantástica.
Out of Africa se baseia em livros – pelo menos um deles abertamente autobiográfico – de Isak Dinesen, o pseudônimo literário de Karen Christenze Dinesen (1885-1962), que mais tarde passaria a ter o nome de baronesa Karen von Blixen-Finecke. Não tive ainda o prazer de ler Isak Dinesen. Não tenho idéia de quanto ela romanceou, enfeitou, fantasiou suas experiências reais. Nem de quanto o roteirista Kurt Luedtke ainda romanceou, enfeitou, fantasiou em cima dos fatos reais da vida de Karen Blixen. Dá para saber, isso sim, que houve pelo menos um grande enfeite: a mulher real era bastante feia – e, no filme, tornou-se hollywoodianamente belíssima. Meryl Streep está, sensacionalmente, bela, em "Out of Africa".
Que extraordinária vida teve Karen Blixen, a personagem do filme. Uma jovem dinamarquesa viajando para o interior do Quênia! Nas primeiras tomadas, vemos uma Meryl Streep envelhecida pela maquiagem (na época do filme, a extraordinária atriz estava com 36 aninhos), sonhando com a África – e com Denys.E temos então um rápido intróito.
No início do século XX, a jovem Karen Blixen, dinamarquesa de família muito rica, descobre que o amante, um barão sueco, a trai. Karen é grande amiga do irmão do amante, Bror, Klaus Maria Brandauer. Klaus é nobre, tem o título de barão – mas não tem dinheiro. Karen tem dinheiro, e gostaria de ter um título nobiliárquico. São grandes amigos, gostam-se muito. Por que não se casarem, os dois?
Estamos em 1913, e a jovem dinamarquesa Karen Blixen está empreendendo longa viagem de trem de Mombasa, porto no Oceano Índico, rumo a Nairóbi, a capital do Quênia, e de lá para uma pequenina cidade do interior, onde o barão Bror von Blixen-Finecke havia resolvido, se instalar.
O generoso dote da família burguesa de Karen havia sido pago, ao barão sem tostão, e o barão havia comprado uma grande fazenda no interior perdido, do Quênia. Faltava selar o casamento, o que seria feito no clube inglês da cidadezinha situada a duas horas de viagem da fazenda. (Sim, o clube inglês: o Quênia, em 1913, assim como um terço das terras do planeta, fazia parte do Império Britânico).
O trem em que viajava a futura baronesa pára no meio do nada. Um caçador, aventureiro, bastante conhecido na região, chamado Denys, deposita no trem uma grande carga de marfim, presas de elefantes. O herói da vida de Karen von Blixen-Finecke, o herói do filme, abatia elefantes. No Quênia, em 1913, ainda não havia o politicamente correto.
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Entre Dois Amores / Out of Africa
De: Sydney Pollack, EUA, 1985
"Out of Africa", no "Brasil Entre Dois Amores", é um desses filmes que dão imenso prazer de rever. Fazia muitos anos que não o via. É uma beleza, uma maravilha!
É um dos filmes que têm as mais belas, extasiantes imagens da África. Possivelmente é o filme que tem as mais belas tomadas gerais do continente tão velho, em termos de História, História Natural, e tão jovem em termos sociais, políticos. Sydney Pollack e seu diretor de fotografia David Watkin se esmeraram no garimpo de imagens da natureza bruta africana. É literalmente de tirar o fôlego a beleza das tomadas gerais.
E quando, lá bem para o fim da narrativa, Denys, na pele de Robert Redford, leva Karen Blixen-Meryl Maravilha Streep literalmente às nuvens, num aviãozinho teco-teco daqueles pioneiros, e a música de John Barry, propositalmente melosa, feita para emocionar, acompanha o vôo e as paisagens suntuosas, não tem muito jeito: é de chorar – de alegria, de tristeza, de pura emoção. (Meryl chorou feito um bebê.) Uma história de vida, absolutamente, fantástica.
Out of Africa se baseia em livros – pelo menos um deles abertamente autobiográfico – de Isak Dinesen, o pseudônimo literário de Karen Christenze Dinesen (1885-1962), que mais tarde passaria a ter o nome de baronesa Karen von Blixen-Finecke. Não tive ainda o prazer de ler Isak Dinesen. Não tenho idéia de quanto ela romanceou, enfeitou, fantasiou suas experiências reais. Nem de quanto o roteirista Kurt Luedtke ainda romanceou, enfeitou, fantasiou em cima dos fatos reais da vida de Karen Blixen. Dá para saber, isso sim, que houve pelo menos um grande enfeite: a mulher real era bastante feia – e, no filme, tornou-se hollywoodianamente belíssima. Meryl Streep está, sensacionalmente, bela, em "Out of Africa".
Que extraordinária vida teve Karen Blixen, a personagem do filme. Uma jovem dinamarquesa viajando para o interior do Quênia! Nas primeiras tomadas, vemos uma Meryl Streep envelhecida pela maquiagem (na época do filme, a extraordinária atriz estava com 36 aninhos), sonhando com a África – e com Denys.E temos então um rápido intróito.
No início do século XX, a jovem Karen Blixen, dinamarquesa de família muito rica, descobre que o amante, um barão sueco, a trai. Karen é grande amiga do irmão do amante, Bror, Klaus Maria Brandauer. Klaus é nobre, tem o título de barão – mas não tem dinheiro. Karen tem dinheiro, e gostaria de ter um título nobiliárquico. São grandes amigos, gostam-se muito. Por que não se casarem, os dois?
Estamos em 1913, e a jovem dinamarquesa Karen Blixen está empreendendo longa viagem de trem de Mombasa, porto no Oceano Índico, rumo a Nairóbi, a capital do Quênia, e de lá para uma pequenina cidade do interior, onde o barão Bror von Blixen-Finecke havia resolvido, se instalar.
O generoso dote da família burguesa de Karen havia sido pago, ao barão sem tostão, e o barão havia comprado uma grande fazenda no interior perdido, do Quênia. Faltava selar o casamento, o que seria feito no clube inglês da cidadezinha situada a duas horas de viagem da fazenda. (Sim, o clube inglês: o Quênia, em 1913, assim como um terço das terras do planeta, fazia parte do Império Britânico).
O trem em que viajava a futura baronesa pára no meio do nada. Um caçador, aventureiro, bastante conhecido na região, chamado Denys, deposita no trem uma grande carga de marfim, presas de elefantes. O herói da vida de Karen von Blixen-Finecke, o herói do filme, abatia elefantes. No Quênia, em 1913, ainda não havia o politicamente correto.
Momentos antes de se casar com seu amigo Bro, Karen conhece o grande amor de sua vida. A vida de Karen Blixen, nos muitos anos que se seguirão a este início de filme, será uma imensa aventura. E a história de amor que ela viverá com Denys é das mais arrebatadas, mais extraordinárias de que se tem notícia. Denys, Robert Redford é o amante que, certamente, todas as mulheres gostariam de ter.
Ainda bem no início do filme, há uma seqüência belíssima. Exausta, nórdica, perdida naquele calor queniano, Karen vai ao clube inglês, à procura do noivo. E entra num dos salões onde nunca antes, na História, uma mulher havia entrado. As caras dos ingleses diante daquela heresia são deliciosas.
A verdadeira Karen Blixen foi uma mulher muitíssimo adiante do seu tempo. Uma mulher de força admirável, de ânimo inquebrantável. Muitas décadas antes das passeatas feministas de Betty Fridman, Karen Blixen reduziu o milenar machismo. É fascinante ver que, para escrever seus livros, tenha escolhido um nome masculino – Isak. Fogo com fogo se combate.
Meryl Streep espantosamente bela, dando uma força impressionante a seu personagem... Dizer que Meryl Streep é uma atriz excepcional é chover no molhado. Mas devo dizer que, ao rever agora o filme, me surpreendi com a força da interpretação dessa atriz maravilhosa, como Karen Blixen. É muito impressionante! Ela não precisa dizer frase alguma – só sua expressão diz tudo, e muito mais!
Bobagem, dizer isso, mas digo: esta é uma das melhores atuações de Meryl Streep. Bobagem, porque são umas 40, as melhores atuações de Meryl Streep! Mas, meu Deus do céu e também da terra, como ela está absolutamente bela!
Meryl Streep contracenou com praticamente todos os grandes atores americanos e ingleses dos anos 70, 80, 90, 2000. (Sorte deles.) Quando estava com 46, estupidamente belos anos, fez, ao lado do já velhinho Clint Eastwood, uma das seqüências mais sensuais do cinema, dançando na cozinha da casa de sua personagem, uma interiorana reprimida, em "As Pontes de Madison". Faz, aqui, sequências igualmente sensuais, ao lado do então, jovem, Robert Redford, no auge daquela beleza toda dele. São maravilhosas as seqüências em que Denys leva Karen para safáris, para conhecer a África que ele, Denys, tem certeza de que vai acabar, em breve. Uma noite, e não acontece nada; duas noites, e não acontece nada. A tensão e o tesão sobem, como no Bolero de Ravel.
Mas talvez, a seqüência mais espantosamente bela, deste filme espantosamente belo, seja aquela, quando estamos com uns 30 minutos de narrativa, em que Denys e seu amigo Berkeley (Michael Kitchen) visitam a fazenda dela. Jantam como se estivessem num castelo europeu. Bebem bom vinho, e então os homens pedem que ela conte uma história. Karen Blixen, a mulher que, como Isak Dinesen, se transformaria em uma das pérolas da literatura dinamarquesa, pega o mote, dado pelos seus convivas, e inventa, na hora, uma história que poderia ter sido criada por Sherazade. É de interromper o filme, ficar, solenemente, de pé e aplaudir, como na ópera.
Onze indicações, sete Oscars – mas Meryl Streep não levou. "Out of Africa" teve espantosas 11 indicações ao Oscar – e venceu em sete categorias. Ganhou os Oscars de melhor filme, melhor direção, melhor roteiro adaptado para Kurt Luedtke, melhor trilha sonora para John Barry, melhor fotografia para David Watkin, melhor direção de arte e melhor som. Não levou os prêmios de coadjuvante para Klaus Maria Brandauer, melhor figurino, melhor montagem – e melhor atriz para Meryl Streep!
Meryl Streep está soberba, magnífica, neste filme soberbo, magnífico! Meu Deus do céu e também da terra, Meryl Streep não ganhou o Oscar, naquele ano!!!...
(Dat veniam corvis, vexati censura columbas...)
Fonte: 50 Anos de Filmes - Sérgio Vaz
Meryl cara deum soboles est.
Ainda bem no início do filme, há uma seqüência belíssima. Exausta, nórdica, perdida naquele calor queniano, Karen vai ao clube inglês, à procura do noivo. E entra num dos salões onde nunca antes, na História, uma mulher havia entrado. As caras dos ingleses diante daquela heresia são deliciosas.
A verdadeira Karen Blixen foi uma mulher muitíssimo adiante do seu tempo. Uma mulher de força admirável, de ânimo inquebrantável. Muitas décadas antes das passeatas feministas de Betty Fridman, Karen Blixen reduziu o milenar machismo. É fascinante ver que, para escrever seus livros, tenha escolhido um nome masculino – Isak. Fogo com fogo se combate.
Meryl Streep espantosamente bela, dando uma força impressionante a seu personagem... Dizer que Meryl Streep é uma atriz excepcional é chover no molhado. Mas devo dizer que, ao rever agora o filme, me surpreendi com a força da interpretação dessa atriz maravilhosa, como Karen Blixen. É muito impressionante! Ela não precisa dizer frase alguma – só sua expressão diz tudo, e muito mais!
Bobagem, dizer isso, mas digo: esta é uma das melhores atuações de Meryl Streep. Bobagem, porque são umas 40, as melhores atuações de Meryl Streep! Mas, meu Deus do céu e também da terra, como ela está absolutamente bela!
Meryl Streep contracenou com praticamente todos os grandes atores americanos e ingleses dos anos 70, 80, 90, 2000. (Sorte deles.) Quando estava com 46, estupidamente belos anos, fez, ao lado do já velhinho Clint Eastwood, uma das seqüências mais sensuais do cinema, dançando na cozinha da casa de sua personagem, uma interiorana reprimida, em "As Pontes de Madison". Faz, aqui, sequências igualmente sensuais, ao lado do então, jovem, Robert Redford, no auge daquela beleza toda dele. São maravilhosas as seqüências em que Denys leva Karen para safáris, para conhecer a África que ele, Denys, tem certeza de que vai acabar, em breve. Uma noite, e não acontece nada; duas noites, e não acontece nada. A tensão e o tesão sobem, como no Bolero de Ravel.
Mas talvez, a seqüência mais espantosamente bela, deste filme espantosamente belo, seja aquela, quando estamos com uns 30 minutos de narrativa, em que Denys e seu amigo Berkeley (Michael Kitchen) visitam a fazenda dela. Jantam como se estivessem num castelo europeu. Bebem bom vinho, e então os homens pedem que ela conte uma história. Karen Blixen, a mulher que, como Isak Dinesen, se transformaria em uma das pérolas da literatura dinamarquesa, pega o mote, dado pelos seus convivas, e inventa, na hora, uma história que poderia ter sido criada por Sherazade. É de interromper o filme, ficar, solenemente, de pé e aplaudir, como na ópera.
Onze indicações, sete Oscars – mas Meryl Streep não levou. "Out of Africa" teve espantosas 11 indicações ao Oscar – e venceu em sete categorias. Ganhou os Oscars de melhor filme, melhor direção, melhor roteiro adaptado para Kurt Luedtke, melhor trilha sonora para John Barry, melhor fotografia para David Watkin, melhor direção de arte e melhor som. Não levou os prêmios de coadjuvante para Klaus Maria Brandauer, melhor figurino, melhor montagem – e melhor atriz para Meryl Streep!
Meryl Streep está soberba, magnífica, neste filme soberbo, magnífico! Meu Deus do céu e também da terra, Meryl Streep não ganhou o Oscar, naquele ano!!!...
(Dat veniam corvis, vexati censura columbas...)
Fonte: 50 Anos de Filmes - Sérgio Vaz
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Meryl cara deum soboles est.
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