Meryl Baby

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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Entrevistando Meryl Streep (24)



                                                               
            Meryl  fala de comida, de sotaques e de outras coisas mais, nesta entrevista, sobre o seu filme, 'Julie & Julia'." A maior atriz da atualidade não se cansa de falar de facas, desde que entrou nesta sua fase caseira e ideal. No dia da entrevista, falou de um afiador exímio, que vive em Paris, do valor de uma faca bem afiada, da diferença que isso faz, no ato de cozinhar.  Vem tudo a propósito do seu filme, 'Julie & Julia', em que aparece no ápice da comédia, interpretando Julia Child, a americana que foi para Paris, no final dos anos 40, e só parou quando surgiu, na televisão, em plena sala de estar de cada família, no maior mercado consumista que jamais existiu. Julia apresentou a cozinha francesa a milhões de americanos que, de geração em geração, desde então, nunca mais voltaram a ser os mesmos. Imaginem, de repente, a dona de casa americana servindo à mesa, um "Canard à l'Orange"! É coisa que altera civilizações.
                Desde os meados dos anos 90, que Meryl não fazia, com tanto interesse e prazer, uma comédia. Como sempre, criou mais uma das suas tantas obras-primas cinematográficas. Ela  prova que, de fato, aos 60, não há nada que a detenha, nem mesmo a comédia. 
               Desafios servem-lhe como uma luva porque também, em 'Simplesmente Complicado', a sua mais recente  personagem é Jane, uma mãe divorciada, que julgava ter os dias contados neste setor a que chamamos vida romântica mas que, quando menos esperava, rejuvenesce e passa a ser quem ela é. Então, seduz o ex-marido apesar  disso ser a última coisa que ela, naturalmente, quer, tendo em conta que ele vive com uma mulher bem mais nova, que quase podia ser filha de ambos.
               A vida de Meryl está, de tal modo fervilhando que, num mesmo ano, faz o papel da cozinheira capaz de mudar um país, e da "outra", novamente, e sempre, indicada ao Oscar.
              E: Antes de falarmos de sonhos, bolos e outras coisas doces, queria que desvendasse o mistério dos sotaques: como é que consegue dominar todas as inflexões vocais?
              Meryl: "Fica a ideia de que, se pudesse trabalhar 24 horas por dia, punha no desemprego todos os atores, em todo o mundo. Por exemplo, no caso da língua polonesa (para "A Escolha de Sofia"), tive lições privadas, na Berlitz."


            Meryl: "Foram dois meses só para perceber como é que teria de colocar as vogais. Cada idioma produz sons diferentes. Foi muita sorte minha  ter uma professora que falava um Polonês maravilhoso, de mestre universitário, o que para foi imensamente valioso porque a minha personagem era uma filha da academia, por parte de pai. Quando se trata de fonética, tenho um ouvido muito apurado."
            E: Por favor, não vá imitar, tão perfeitamente, o meu sotaque!...
             Meryl: "Mas é muito difícil não o fazer! Sou, de fato, uma daquelas pessoas que parece que têm esponjas nas orelhas. Capto tudo. Os meus filhos é que estão sempre brincando comigo. Quando me vêm no telefone e me ouvem  falar com sotaque, finda a conversa há sempre um que passa por mim e pergunta: "Só para confirmar: a operadora telefônica era da Jamaica?" O meu Inglês ganha logo uma ondulação das Ilhas.
             E: Mudando de assunto, mas ainda sobre a vida atual, que acha desta moda em que as pessoas
 sabem tudo sobre alimentos e colesterol? Não acha que há um excesso de conhecimento culinário?
             Meryl: "Para mim, comida simples é a melhor. Tanto quanto sei, a maneira como os pobres cozinharam, ao longo dos tempos, continua a ser uma das melhores relações que temos com os alimentos: desde que se usem os elementos mais básicos, por exemplo, o azeite. Não ligo a modernismos ou a dietas, embora deva dizer que li, há dias que, comer um ovo por dia é ótimo para a saúde dos olhos, por serem riquíssimos em luteína.  Aí está um conselho especialmente bom para quem tem antecedentes familiares. A luteína que se compra nas farmácias não é tão facilmente absorvida pelo organismo. Fica mais saudável comer um ovo."
             E: Você fez aniversário, há pouco tempo. Como é que foram os festejos em sua casa?
             Meryl: "As minhas três filhas serviram uma refeição linda! Reuniram-se e o resultado foi extraordinário: fizeram carne de porco, no forno, recheada! E salada... E, no fim, um bolo altíssimo, feito com várias camadas delicadas, recheado com creme fresquíssimo, e frutos silvestres. Amoras, morangos, framboesas, mirtilos, eu sei lá o que mais... Elas sabem que adoro frutos silvestres. Que bolo maravilhoso! E não tinha sido um dia nada fácil para mim. Telefonaram-me, do estúdio, dizendo que eu tinha mesmo de comparecer, apesar de ser o meu aniversário e de ter, no meu contrato, uma cláusula que me garantia que não teria de trabalhar, pelo menos no dia do meu aniversário. Fui para lá, meio irritada. Mentira: estava mesmo furiosa! Mas, quando voltei para casa, lá pelas 9 ou 10 da noite, havia uma refeição gloriosa, a minha espera!... Fiquei mesmo muito feliz!"

                                                                                
             Meryl: "Emocionei-me, imensamente, que tenham feito aquilo tudo... especialmente tendo
 em vista que os meus filhos são incapazes de colocar os pratos sujos, na máquina de lavar louça..."

                                                                              

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