E: Quando falamos, há uns anos, comentou que fazia questão de comprar sempre legumes e frutas de cultivo orgânico. No "Julie & Julia", faz a cozinheira famosa que só compra ingredientes nos mercados de rua. Acha que, finalmente, as pessoas estão se dando conta de que a Ecologia e a proteção da Natureza influenciam, também, a maneira como comemos?
Meryl: "Sim. É espantoso. Em 1989, quando colaborei, de perto, com uma organização chamada Mothers & Others - que eu mesma formei, com as minhas amigas e vizinhas, para pôr pressão no comércio local, porque queríamos mesmo que os supermercados da zona começassem a ter produtos biológicos nas prateleiras - era muito difícil encontrar uma fruta que não tivesse sido produzida maciçamente. Aquilo que comíamos vinha dos grandes aglomerados agrícolas. Qualquer outra maneira de pensar era considerada maldita. Foi realmente uma época difícil, nesse aspecto. Passamos anos tentando saber e tentando controlar os resíduos de pesticidas, que apareciam nos alimentos. Batalhei durante 10 anos e só agora vejo resultados. A boa alimentação constitui um dos pontos fundamentais da nossa vida. Há um carinho especial quando alguém escolhe os ingredientes de forma a poder cozinhá-los e apresentar o resultado, na mesa. É o gesto de amor por excelência. Uma refeição é algo a que todos nós reagimos. Todos nós gostamos de ir à cozinha ver o que se passa. É um lugar de consolo ancestral. Tem calor. É ali que somos acarinhados da maneira mais básica."
E: No filme, você é vista não só rodeada de boa comida mas, também, de bons vinhos...
Meryl: "Sim. É espantoso. Em 1989, quando colaborei, de perto, com uma organização chamada Mothers & Others - que eu mesma formei, com as minhas amigas e vizinhas, para pôr pressão no comércio local, porque queríamos mesmo que os supermercados da zona começassem a ter produtos biológicos nas prateleiras - era muito difícil encontrar uma fruta que não tivesse sido produzida maciçamente. Aquilo que comíamos vinha dos grandes aglomerados agrícolas. Qualquer outra maneira de pensar era considerada maldita. Foi realmente uma época difícil, nesse aspecto. Passamos anos tentando saber e tentando controlar os resíduos de pesticidas, que apareciam nos alimentos. Batalhei durante 10 anos e só agora vejo resultados. A boa alimentação constitui um dos pontos fundamentais da nossa vida. Há um carinho especial quando alguém escolhe os ingredientes de forma a poder cozinhá-los e apresentar o resultado, na mesa. É o gesto de amor por excelência. Uma refeição é algo a que todos nós reagimos. Todos nós gostamos de ir à cozinha ver o que se passa. É um lugar de consolo ancestral. Tem calor. É ali que somos acarinhados da maneira mais básica."
E: No filme, você é vista não só rodeada de boa comida mas, também, de bons vinhos...
Meryl: "Sim, mas não conheço nada de vinhos, a não ser que gosto de um bom Sancerre. Nos filmes, claro, aquilo que nos dão, não é vinho. É uma daquelas garapas a que eles chamam de suco de maçã. Nem lhe falo: é mesmo um daqueles momentos em que uma actriz recorre à inspiração... Tenho de beber aquilo o dia todo e, depois, ainda por cima, dizer coisas como: "Oh, que vinho delicioso!" Não é nada: é horrível!..."
E: Suponho que ainda não atingiu tudo aquilo que sonhou ser. Ainda se lembra dos sonhos que teve, quando era mais nova? E chega a comparar esses sonhos com os que tem agora, para medir o sucesso da vida que leva?
Meryl: "Bem, nos meus tempos de menina, o meu sonho era, naturalmente, tornar-me princesa e casar-me com o Príncipe Charles. Cheguei a confessar-lhe isso! Uma vez estivemos juntos, numa gala oficial, e disse-lhe isso. Depois acrescentei: "Lamento muito que não tenha dado certo, entre nós" (risos).
Não, até nem lamento. Quando era menina, tinha os sonhos que as meninas têm. Sonhos daquele gênero. No entanto, já naquele tempo, sonhava em formar uma família, talvez por ter consciência de que essa era uma pedra importante, no caminho da vida. Mas não me lembro de, algum dia, ter sonhado em ser atriz. Talvez seja por isso que acho tão estranho este meu caminho. De certa maneira, nunca fui obrigada a decidir aquilo que ia ser, quando fosse mais velha. Como atriz, podia viver todos os tipos de vida. Ontem, como hoje, nada mudou. Claro que passei pela fase em que queria ser freira, porque andava fascinada com a ideia de Deus ter comigo uma relação especial."
"Depois, como se sabe, pude experimentar esse tipo de relação num filme que fiz. Sabe, um ator é, vendo bem as coisas, uma pessoa que nunca se sente bem, em lado nenhum. Mas devo dizer que, por mim, simpatizo com esse fato. Seria infeliz se fosse obrigada a sentar-me à frente de computador, 50 semanas, por ano. Ah, sério, que seria! Garanto que, ao fim de algum tempo, iam ter de me internar!"
E: E os sonhos que tem agora?...
Meryl: "Todos os meus sonhos atuais têm a ver com as pessoas que amo. Sonho com o tempo. Sonho com ter mais tempo."
Fonte: Revista Única, da edição do Expresso - 21/11/2009
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=storie s&
Meryl: "Todos os meus sonhos atuais têm a ver com as pessoas que amo. Sonho com o tempo. Sonho com ter mais tempo."
Fonte: Revista Única, da edição do Expresso - 21/11/2009
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=storie
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