Meryl Baby

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domingo, 9 de outubro de 2011

Meryl Streep e as formandas do Barnard College (4)


           Eu não lavo sempre o meu cabelo porque ele é muito seco. Certa vez, quando estudava, fiquei sem lavá-lo, por três semanas. Elas me aceitaram como o coelho de pelúcia. E tornou-se real, ao invés de um imaginado coelhinho de pelúcia, mas eu respirava na minha vida, na escola e recebia estocadas no meu caráter, na escola. Alguns anos mais tarde, como Linda, no "Deer Hunter." Provavelmente, não existe um de vocês, graduados, que já que já tenha visto este filme, mas o "Deer Hunter" ganhou melhor filme em 1978, com  Robert De Niro, Chris Walken... e não era engraçado... E eu atuei como Linda, uma menina de cidade pequena, em uma família de classe operária,  linda e infeliz, menina quieta, que esperou o cara que ela gostava voltar, da guerra do Vietnã. Muitas vezes os homens da minha idade... o presidente Clinton... a propósito, quando eu o conheci, ele disse: "Os homens da minha idade, falam  desse personagem, como seu favorito"... de todas as mulheres que eu representei.  E eu tenho, em segredo, o próprio entendimento do porquê, que confirma cada decisão que tomei, na escola. Isto não é para denegrir aquela menina, o seu caminho ou os homens que são atraídos para ela, de qualquer jeito, porque ela ainda é parte de mim e eu sou parte dela. Ela não era atriz, mas ela estava se comportando de uma maneira, como as meninas acovardadas, meninas submissas, meninas espancadas, com maus tratos, muito embora tenha se comportado sempre, e continuando a fazê-lo, com todo mundo.

                                                                        

           Agora, à medida de quanto o mundo mudou, o personagem que os homens mencionam mais, como seu favorito, é Miranda Priestly! Agora, como uma medida de como o mundo mudou, a maioria dos homens DE CARÁTER, menciona, como seu favorito, Miranda Priestly, a totalitária situada na cabeça da revista Runway, no Devil Wears Prada. Na minha opinião, isso representa uma mudança tão otimista! Referem-se à Miranda! Eles que marcaram a Linda, sentiram pena da Linda!... Mas eles se sentem como Miranda. Eles podem se relacionar com seus problemas, os elevados padrões que ela
estabelece para si e para os outros: a ingratidão da posição de liderança... a "ninguém me entende", a coisa, a solidão. Eles estão fora do personagem... e têm muita pena da Linda... eles se apaixonam por ela... mas eles olham através dos olhos deste outro personagem.
   

                                                                                
           Este é um grande problema, pois as pessoas, no mundo do cinema: sabem que a coisa mais absolutamente difícil, em todo o mundo, é convencer um homem público a se identificar direto, com o protagonista mulher, sentir-se incorporado a ela. Este, mais do que qualquer outro fator, explica porque liberar os filmes que recebemos e a escassez dos papéis para mulheres, para se dirigir um filme. É muito mais fácil para o público feminino, porque todas crescemos acostumadas a nos identificar com
personagens masculinos, de Shakespeare a Salinger. Temos menos problemas para seguir o dilema de Hamlet, visceralmente, ou Romeu ou Tybalt ou Huck Finn ou Peter Pan... Lembro-me segurando a espada, até Hook - eu me senti como ele. Mas é muito, muito, muito mais difícil para os garotos
heterossexuais identificarem-se com Julieta ou Desdêmona, Wendy de Peter Pan ou em Little Joe, Mulheres, ou a Pequena Sereia ou Pocahontas! Por quê? Eu não sei... mas simplesmente, é. Sempre houve uma resistência, à imaginação, a assumir uma persona, se essa persona é ELA.

                                                                                 
           Mas as coisas estão mudando, e agora eles estão na geração de vocês, onde estamos vendo isso. Os homens estão se adaptando,  ao tempo. Eles estão se adaptando, de forma consciente... e também sem consciência,  sem evoluir, para o melhor de todo o grupo. Eles estão mudando seus mais profundos preconceitos, considerando, como normais, as coisas que seus pais teriam encontrado muita, muita dificuldade... e seus avôs  teriam abominado. A porta para essa mudança emocional é a empatia. Como disse Jung, "a emoção é a fonte principal de se tornar consciente". Não pode haver transformação, de leveza, no escuro da apatia, em movimento, sem emoção. Ou, como Leonard Cohen diz "prestar atenção às fissuras, porque é onde a luz fica dentro de você".  Jovens mulheres de Barnard não têm de se apertar no espartilho, de ser bonita ou de abafar suas opiniões... mas vocês não deixaram o campus, ainda.

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