Meryl Baby

Meryl Baby

quinta-feira, 26 de maio de 2011

'Música do Coração', de Meryl Streep

           A primeira cena de "Música do Coração", é bem deprimente. Meryl está deitada numa cama toda desarrumada, em posição fetal, agarrada a uma tolha de banho. Seus olhos estão vazios.
          É a história verdadeira da professora de música, Roberta Guaspari, que ensinou a uma geração de jovens de um gueto, a tocar violino. Nesta cena inicial, ela pensa no marido que a deixou e na vida que deverá levar, dali para frente.


          
 Porém, antes disto, ela passou por um período muito difícil. Sua mãe, fora de cena, fala: Roberta, tens que sair desta cama. Desce e vem tomar um lanche. Vê-se, então, um leve retesar dos seus ombros, como se encolhesse, parecendo querer desaparecer, do tempo e do espaço em que se encontra. Meryl ainda não disse uma palavra mas já sabemos a profundidade da ferida desta mulher...
           Como é que ela faz isso? Como é possível numa indústria onde há tantos talentos, Meryl ser considerada um "gênero em si", como Dustin Hoffman referiu-se a ela, numa entrevista, ao Ladies's Home Journal (depois daquele monstruoso tapa, ele agora está tão bonzinho...). Muitas pessoas perguntam à Meryl o que significa 'um gênero em si', mas ela não sabe dizer. Ela responde que não tem um método de atuar. Uma vez falou: "Não sei o que acontece. E também não sei como outras pessoas o fazem. Vi o Robert De Niro escrever muitas coisas, nas margens do seu roteiro, mas não sei o que foi."
          Ela não sabe, porque não consegue se ver. Meryl é humilde, não assume a sua perfeição. Até hoje acha que o 3º Oscar não veio para suas mãos porque não deu o melhor de si, à personagem. Mas, na verdade, ela está muito acima do Oscar. Como eu costumo dizer, ela não depende mais dele: já é blockbuster. Ele sim, necessita dela para ter, ainda, uma certa importância, enquanto prêmio. Por sinal, neste ano de 2011, para mim, o Oscar não teve graça. A noite ficou vazia, sem alma. Pareceu-me o troféu Abacaxi, do Chacrinha...  Sem Meryl, a festa é como uma Primavera, completamente sem flores...

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